Hoje belarussos também (que nem brasileiros) comemoram o dia de finados. Se chama "Dziady", o que literalmente significa "Avós". A data de "Dziady" para católicos é sempre dia 2 de novembro, já para ortodoxos a data varia - é o primeiro sábado antes de 8 de novembro (neste ano, então, 3 de novembro), porém a origem do feriado é pagã.
A moeda de prata comemorativa "Dziady". NBRB.BY |
Na verdade tem vários dias em homenagem aos antepassados, mas os principais são este e antes da páscoa. Belarussos vão aos cemitérios visitar túmulos dos parentes, reúnem as famílias no jantar, preparam pratos tradicionais, especiais para esse feriado (panquecas, ovos fritos, carne, e outros). Depois de jantar deixam um pouco de comida na mesa (não tiram pratos), para que de noite "avós" possam chegar e comer também. Nesse jantar de "Dziady", a família conversa sobre todos os antepassados que podem lembrar. Assim os mais novos membros da família podem aprender muito sobre os antepassados deles.
Dziady. Foto do acervo da autora |
Atualmente (a partir da década de 80 do século XX) surgiu outra tradição importante. Nos anos 1930, na época de Stalin, na URSS, tinha muitas repressões. O regime totalitarista matou muitos soviéticos, inclusive belarussos. Quase todo belarusso tem pelo menos um antepassado que foi mandado para a Sibéria ou foi morto por causa das repressões políticas naquela época (nem todos eram de fato contra o regime soviético). Só numa noite de 29 a 30 de outubro de 1937 mataram mas de 100 escritores, padres e cientistas belarussos em Kurapaty, um campo perto de Minsk. Agora tem um memorial naquele lugar, organizado pela oposição ainda na década de 1980.
Manifestação de "Dziady" em Kurapaty. 2 de outubro de 2012. Na frente - Siarhei Kavalienka, que foi preso por 1,5 ano por botar a bandeira nacional em cima duma árvore de Natal em 2010 na cidade de Viciebsk. NN.by |
Todo ano na Dziady tem manifestações, com bandeiras nacionais, lideradas pela oposição. O governo belarusso nunca fala das repressões, nem de Kurapaty. As vezes até proibe manifestações lá e prende participantes.
Um mês atrás surgiu na mídia uma informação de que estão construindo um centro de diversões do lado do memorial de Kurapaty. O governo não tem nada contra isso. Ativistas políticos escrevem notas para os órgãos do governo e organizam manifestações contra isso.
Belarús é o único país hoje, onde até agora existe a KGB, que matou tanta gente inocente. Existe até agora com o mesmo nome.
Grande Post! Mais uma vez Volha nos traz a linda cultura da Belarus para nosso idioma, é incrivel como essa nação seria perfeita sem esse regime. Nesse "Dziady" certamente foram lembrados inumeras vitimas tanto pelas guerras como pelos conflitos internos e pela covardia nesses dias negros de Lukashenko!
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