sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Dia de Finados em Belarús

Hoje belarussos também (que nem brasileiros) comemoram o dia de finados. Se chama "Dziady", o que literalmente significa "Avós". A data de "Dziady" para católicos é sempre dia 2 de novembro, já para ortodoxos a data varia - é o primeiro sábado antes de 8 de novembro (neste ano, então, 3 de novembro), porém a origem do feriado é pagã. 
A moeda de prata comemorativa "Dziady". NBRB.BY
Na verdade tem vários dias em homenagem aos antepassados, mas os principais são este e antes da páscoa. Belarussos vão aos cemitérios visitar túmulos dos parentes, reúnem as famílias no jantar, preparam pratos tradicionais, especiais para esse feriado (panquecas, ovos fritos, carne, e outros). Depois de jantar deixam um pouco de comida na mesa (não tiram pratos), para que de noite "avós" possam chegar e comer também. Nesse jantar de "Dziady", a família conversa sobre todos os antepassados que podem lembrar. Assim os mais novos membros da família podem aprender muito sobre os antepassados deles. 
Dziady. Foto do acervo da autora

Atualmente (a partir da década de 80 do século XX) surgiu outra tradição importante. Nos anos 1930, na época de Stalin, na URSS, tinha muitas repressões. O regime totalitarista matou muitos soviéticos, inclusive belarussos. Quase todo belarusso tem pelo menos um antepassado que foi mandado para a Sibéria ou foi morto por causa das repressões políticas naquela época (nem todos eram de fato contra o regime soviético). Só numa noite de 29 a 30 de outubro de 1937 mataram mas de 100 escritores, padres e cientistas belarussos em Kurapaty, um campo perto de Minsk. Agora tem um memorial naquele lugar, organizado pela oposição ainda na década de 1980.

Manifestação de "Dziady" em Kurapaty. 2 de outubro de 2012. Na frente - Siarhei Kavalienka, que foi preso por 1,5 ano por botar a bandeira nacional em cima duma árvore de Natal em 2010 na cidade de Viciebsk. NN.by
Todo ano na Dziady tem manifestações, com bandeiras nacionais, lideradas pela oposição. O governo belarusso nunca fala das repressões, nem de Kurapaty. As vezes até proibe manifestações lá e prende participantes. 

Um mês atrás surgiu na mídia uma informação de que estão construindo um centro de diversões do lado do memorial de Kurapaty. O governo não tem nada contra isso. Ativistas políticos escrevem notas para os órgãos do governo e organizam manifestações contra isso.

Belarús é o único país hoje, onde até agora existe a KGB, que matou tanta gente inocente. Existe até agora com o mesmo nome.

Um comentário:

  1. Grande Post! Mais uma vez Volha nos traz a linda cultura da Belarus para nosso idioma, é incrivel como essa nação seria perfeita sem esse regime. Nesse "Dziady" certamente foram lembrados inumeras vitimas tanto pelas guerras como pelos conflitos internos e pela covardia nesses dias negros de Lukashenko!

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